O Árabe

Idéias, sentimentos, emoções. Oásis que nos ajudam a atravessar os trechos desérticos da vida...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

O EQUILÍBRIO E A ETERNIDADE

É em nós, que estão a alegria e a melancolia.

Assim como na natureza existem os dias de sol e de chuva, a brisa que retempera e o furacão que destrói. E é da sua alternância que o equilíbrio depende.

Deixai-me dizer-vos, entretanto, que a melancolia não é um mal em si mesma. É ela que nos faz valorizar a alegria, como cada decepção torna ainda mais colorido um novo sonho.

Deixai, também, que eu vos diga que a melancolia não é necessariamente a tristeza. Pode ser apenas a lembrança de tempos passados, que a memória insiste em manter no presente.

É preciso que assim seja. Porque cada etapa da jornada é um capítulo do livro da Vida, onde o homem registra as suas experiências, para que delas venha a brotar o Conhecimento.

A melancolia de hoje não é senão a alegria de ontem, revisitada pelos olhos da saudade. E não vos deve entristecer, mas lembrar-vos que a felicidade existe e esteve em vossos caminhos.

Tampouco, deve entristecer-vos o passar dos anos. Porque envelhecer não é o fim do caminho, mas o começo de uma nova jornada, onde a lentidão dos passos é compensada pelos tesouros da sabedoria.

A cada dia, uma nova janela se abre em vossa vida. E deveis manter abertos os vossos olhos, para que possais vislumbrar as imagens do futuro, e aproveitar as oportunidades que vos possa trazer.

Conservai, porém, as lembranças do passado. Pois só assim evitareis as armadilhas da tristeza, que muitas vezes se esconde sob o manto da ilusão e a máscara das falsas alegrias.

Desfrutai, sim, de cada um dos vossos dias. Porque, se o tempo é o vosso maior patrimônio, é também o único que não vos é dado avaliar; a ninguém cabe saber a data da partida.

Não desprezeis, entretanto, as vossas lembranças. Porque são elas que constituem a riqueza do vosso verdadeiro Eu, que entre prantos e risos as amealhou em cada momento da jornada.

Ainda que tudo mais possa escorrer entre os vossos dedos, as lembranças comporão sempre a vossa bagagem, pois ninguém pode tirar de um homem o seu aprendizado.

É ele que vos acompanhará, durante todas as fases do vosso percurso. E dele virá a luz que haverá de iluminar o vosso caminho, que não se interrompe com o definhar do corpo.

Mas se estende pela Eternidade.

Agradeço à Comadre Urtigão (http://bicho-da-mata.blogspot.com/),
 que fez nascer a idéia deste post.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O BARCO E O TEMPO

Onde andará o vento que corria pelos cordames?

E as vozes dos marujos, que à noite cantavam as saudades da terra e dos amores nela deixados, enquanto o mar silenciava para ouvir as histórias dos lugares distantes?

Onde estarão as redes, que desciam carregadas de esperança e retornavam cheias, de peixes ou decepção? Onde os passos apressados, que cruzavam o convés durante as horas da faina?

Onde a proa orgulhosa, que cruzava as águas, desafiando as ondas bravias ou deslizando graciosamente no espelho em que se torna o mar, durante a indolente calmaria?

Onde foram parar os sonhos que alimentavam as almas, as conversas murmuradas, as orações aos santos de fé? Onde as ordens do capitão, cuja voz superava o fragor da tormenta?

Os sons que preenchiam o ar, onde se terão escondido? O ruído do velho motor, o guincho agudo das correntes da âncora, os gritos alegres dos marujos, saudando a boa pesca?

E a vida, para onde foi? Parece que ainda ontem o velho navio estalava de vida, nas tabuas que rangiam, nas velas que se erguiam, nos borrifos de água que a todos salpicavam.

Parece que foi ontem. Mas quanto tempo se terá passado? Quanto tempo decorrido, desde a última viagem? Quando a esperança abandonou o velho capitão, quando os sonhos naufragaram?

Quando a velhice se impôs, quando os anos fizeram sentir o seu peso? Nem ele mesmo saberia dizer, ainda que lhe fosse dado falar. Sabe apenas que houve um dia em que não pôde retornar ao mar.

Porque, em alguns aspectos, os barcos são como as pessoas: podem desafiar as dificuldades e as intempéries; com a força dos sonhos, podem até mesmo vencer o mar e o vento.

Mas não podem fugir ao tempo...

Postagem sugerida pela bela foto do site 1.000 Imagens.
A música complementa o tema.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A BALADA DA SOLIDÃO

De que outra companhia necessito?

Pelas grades da janela, a luz fria do entardecer ilumina o quarto e a brisa traz o cheiro acre da maresia, que para mim tem o doce encanto das lembranças da infância distante.

Pois o que resta ao homem, depois de percorrida a sua trilha, senão a recordação dos bons momentos e o aprendizado que lhe trouxeram os sofrimentos do passado?

Ao coração, que se perde no eco de suas próprias batidas, acodem sentimentos diversos de resignação e esperança. Porque o tempo traz a velhice do corpo, mas não vence a juventude da alma.

Acreditar é próprio da juventude; enquanto resignar-se é algo que se aprende ao longo dos anos. E é preciso que se alternem esperança e resignação, para que sobrevenha a paz interior.

Pois, assim como a planta não sobrevive sem o calor do sol, não viceja a alma humana sem a luz da esperança; é a força dos seus sonhos, que faz o homem seguir em frente.

Entretanto, a esperança é cega; e quanto mais elevados são os sonhos, mais profundos se tornam os abismos da decepção, de onde muitas vezes precisa o homem reerguer-se.

Então, apenas a resignação será capaz de sustentar os seus passos; e conduzi-lo de retorno à trilha, até que o brilho de uma nova esperança venha a iluminar o seu caminho.

É assim que é. E, ao chegar o fim, descobre o caminhante que a jornada, em si mesma, é a sua própria recompensa, com as suas dores e as suas alegrias, os seus sonhos e as suas decepções.

Hoje, eis que me sinto em paz. E a minha alma viaja nas asas do silêncio, voando contra as águas do tempo e dissipando as brumas do esquecimento, em busca do passado.

Vejo, então, quantas vezes fui feliz. E novamente me divirto com os jogos de criança; e me encanto com as descobertas do mundo, tornado maravilhoso pelas esperanças da juventude.

Mais uma vez me embriago com cada beijo, desfruto de cada caricia, revivo o caminho do prazer em cada corpo que amei. Mais uma vez me encanta o brilho do amor, em cada olhar onde o vi.

Cai o crepúsculo; lá fora e dentro de mim. Em breve virá a noite e com ela a escuridão, que traz o merecido descanso; mas amanhã chegará um novo dia, e com ele uma nova história.

Que contarei, também, à minha solidão...

Texto sugerido pela fantástica imagem.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A TOLERÂNCIA E A COMPREENSÃO


Cultivai, em vós, a compreensão.

Porque, ao entender os vossos irmãos, decerto entendereis as suas atitudes. E assim deve ser, para que também sejam entendidas as vossas atitudes.

Pois ninguém será digno de receber, a menos que se disponha a oferecer; a árvore, de saborosos frutos, recebe do solo a seiva de que necessita.

Em verdade, a troca é a base da convivência. Porém, o cão de guarda mais fiel é aquele que recebe do seu dono não apenas a comida e a água, mas também o carinho que o gratifica.

O egoísmo é natural, em vós. E não porque resida em vossa alma, mas porque necessário se faz à sobrevivência do vosso corpo. Entretanto, é na doação que reside a essência da Vida.

É pela doação, que começais a ser concebidos; é por ela que a mãe generosa cede os nutrientes do seu próprio corpo e à boquinha ávida oferece o seio farto, após o nascimento.

É pela doação do sol e da chuva, do calor e do frio, da noite e do dia, que o Universo provê às vossas necessidades. É pela doação do animal, da planta e do ar, que se alimenta o vosso corpo.

Sem a doação dos mestres, não teríeis a dádiva do conhecimento. E o artista, ao colocar em suas obras as emoções que vive, doa as suas lágrimas e os seus sorrisos, para que deles possais desfrutar.

Lembrai-vos de que a generosidade encerra, em si mesma, a sua própria recompensa. Pois aquele que verdadeiramente doa, encontra a sua felicidade na felicidade daqueles a quem ajuda.

Por isto, não devereis esperar a gratidão; ou dela fazer o objetivo final das vossas ações. Ou estareis humilhando a vós mesmos, transformando em obrigação o que deveria ser espontâneo.

Buscai compreender os vossos irmãos. Porque, enquanto a tolerância apenas assegura a paz, a verdadeira compreensão é a doação que entre os homens faz nascer a ponte duradoura da amizade.

E juntos vos ajuda a caminhar.


Não recordo onde encontrei a imagem;mas estou certo de que bem expressa o sentido do texto.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

A TRILHA DO CONHECIMENTO

Confiai ao Infinito as vossas dores.

Pois, assim como a dor de um filho é ainda mais pungente ao coração do pai, também os vossos sofrimentos reverberam no Coração do Universo, que não vos criou para a mágoa, mas para a plenitude.

Cuidai, entretanto, de realizar a vossa parte da tarefa, para que possais vencer os obstáculos do caminho. Pois, embora o pai ampare os passos do filho pequenino, não pode por ele caminhar.

E é preciso que assim seja, para que possais aprender a usar as vossas pernas. Porque a cada um cabe palmilhar o seu próprio caminho, rumo ao aprendizado da essência divina que existe em vós.

Outra não é a razão da vossa jornada sobre a Terra, senão a descoberta do Conhecimento. E, se tiverdes presente em vós esta simples verdade, sob outra luz vereis os vossos atos e as vossas necessidades.

Porque outro significado terá o tempo, para vós. E é nas dobras do tempo, que se ocultam as vossas alegrias e as vossas tristezas, as vossas vitórias e os vossos fracassos.

A qualquer instante da vossa vida, se para o passado vos voltardes, percebereis que dias houve em que vos visitou a tristeza, e em outros o vosso coração se encheu de alegria.

E, entretanto, tristezas e alegrias vos foram levadas pelo tempo, que na sua marcha incessante não se detém ante as vossas vontades; nem acelera os seus passos, ao vosso desejo.

Assim acontece, porque o tempo é tão somente uma ilusão da carne, como a mortalidade e o egoísmo; a ele não está sujeito o vosso verdadeiro Eu, que pertence à eternidade.

Abrigai, em vossos corações, esta certeza. E livres estareis do jugo do tempo, do sofrimento da frustração e das dores do mundo. Porque dia virá em que os vossos sonhos serão realizados e a felicidade estará convosco.

Sabei, entretanto, que apenas de vós depende a chegada deste dia e a duração dos vossos sofrimentos. Porque àquele que se assenta à beira da estrada a fome torturará, até que um caminhante generoso lhe ceda um pouco do seu pão.

Mas para o homem que excuta o seu trabalho, o sustento virá em todos os dias. E com ele a certeza do dever cumprido, a consciência tranquila que traz o sono reparador e a paz interior.

Confiai ao Infinito as vossas dores. Porque Dele virá a força que sustentará os vossos passos, para que por vós mesmos possais superá-las e prosseguir em vossa caminhada.

Para atingir o Conhecimento.

Real Time Web Analytics Real Time Web Analytics Real Time Web Analytics Clicky